Câncer de próstata cresce entre homens; machismo dificulta rastreamento
- Cláudia Xavier
- 11 de nov. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de nov. de 2022
Segundo um estudo feito pelo Datafolha, em 2021, para 21% da população masculina o exame do toque retal não é coisa de homem. Outros 48% deles responderam que deixam de fazer o toque retal por causa do machismo. O levantamento buscou ouvir homens que tinham em média, 52 anos de idade.

Durante todo o mês de novembro, a campanha “Novembro Azul’ é dedicada para enfatizar a importância do autocuidado e da prevenção ao câncer de próstata, o tipo mais comum de câncer em homens no mundo. A maioria da sociedade masculina, por se tratar de um procedimento especifico, se recusa a realizar o exame de toque retal devido a cultura machista que alimenta, frequentemente, piadas de mau gosto relacionadas à sexualidade.
Segundo um estudo feito pelo Datafolha, em 2021, para 21% da população masculina o exame do toque retal não é coisa de homem. Outros 48% deles responderam que deixam de fazer o toque retal por causa do machismo. O levantamento buscou ouvir homens que tinham em média, 52 anos de idade.
Os dados são alarmantes, dada a importância e a gravidade da doença, que segundo pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), deve registrar cerca de 68 mil novos casos de câncer de próstata neste ano, prova de que o “Novembro Azul” precisa de mais participação e visibilidade.
Para o Cirurgião Geral e Urologista do Itaigara Memorial, Jailton Campos, 29, o preconceito em relação ao exame de toque se tornou um tabu devido muitos homens ainda não compreenderem ou interpretarem o processo de forma negativa. “Alguns acreditam que o exame interfere na sexualidade masculina e pensam que o exame de toque retal pode deixar o homem sexualmente impotente. Tudo que não é claro, pode dar oportunidade para má interpretação. A desinformação de que o toque atinge a masculinidade acaba tornando um bicho de sete cabeças.”

Jailton acrescenta alegando que o exame de toque retal é um dos pilares cruciais para diagnosticar precocemente o câncer de próstata, mas que é possível optar por outros tipos de diagnósticos, como o exame do PSA (Antígeno Prostático Específico), mas ressaltando que o toque retal é o mais indicado.
“Para o diagnostico correto, é necessário fazer os dois exames. O toque retal possibilita identificar sinais de doenças na próstata, como prostatite (inflamação da próstata), hiperplasia (aumento da próstata) e câncer de próstata. O Toque retal permite conhecer através da palpação, alguns dados relativamente à glândula, como as dimensões aproximadas, limites, eventuais pontos de dor ou sensibilidade e a consistência."
Se por um lado temos o preconceito e o tabu consolidados na nossa cultura quando falamos do exame de toque retal, do outro lado temos o exemplo de Sandro, que atualmente tem 43 anos e ainda não realizou o procedimento, mas pretende implementar o exame em sua rotina para a prevenção. “Ainda não estou me sentindo obrigado, mas pretendo fazer, apesar que já fiz uma ultra-som, porém, ainda não fiz o toque, mas aos 45 anos eu irei realizar. Não ligo para o preconceito, isso é exame de rotina, isso é saúde, as pessoas tem essa ignorância por achar que vai mexer na masculinidade, isso é cafona.”

Para Joseval Pereira, 53, que já realizou o exame, explica que não teve receio ao fazer o procedimento e faz alerta para os homens que não pensam em fazer o exame de toque por receio ou por outro motivo especifico. “É preciso se cuidar. Muitos homens acham que fazer esse exame vai perder a masculinidade ou então ser menos homem, então muitos estão passando por isso, porque não se preveniu. Meu pai por exemplo passou por isso e até hoje faz tratamento por conta dessa doença.”
Joseval acrescenta ainda que os homens devem perder a vergonha e se prevenir antes de qualquer coisa. “Não dói, não incomoda é totalmente simples de fazer. Além do mais é preciso se cuidar independente de qualquer coisa.”

Ações do Novembro Azul em Salvador:
● Na sexta-feira (12), das 7h às 12h, homens poderão ter acesso a consultas e/ou exames urológicos gratuitos no Hospital Aristides Maltez (HAM). Os critérios para o atendimento são: não ter realizado o exame de PSA pela primeira vez a partir dos 45 anos de idade; ter em mãos o resultado do exame de PSA acima de 4,0 ng/ml; apresentar nódulos nos testículos durante exame físico ou através de resultado de exame de imagem realizado anteriormente ou apresentar uma lesão ulcerada no pênis. O agendamento para participar deste mutirão pode ser feito de 1º a 10 de novembro pelo telefone (71) 3357-8531;
●Multicentros: Ao longo desse mês, serão ampliadas 300 vagas, entre consultas especializadas e exames, para acolher o público masculino. A marcação poderá ser via posto de saúde tanto para urologista como para cardiologista, além de ultrassonografias de próstata, abdômen total, aparelho urinário e de testículo;
●Postos de saúde: As Unidades Básicas de Saúde (UBS) durante todo o mês de campanha irão intensificar a oferta de consulta médica e odontológica, realização de testes rápidos (HIV, sífilis e hepatites) e imunização. Além disso, haverá orientações sobre pré-natal do parceiro, planejamento reprodutivo, prevenção ao câncer de próstata, combate ao tabagismo e tuberculose e encaminhamentos para clínica de disfunção sexual e vasectomia.
Comments