Saúde mental das crianças em tempos de pandemia

Por Vivian Pinho

As crianças são vítimas do caos pandêmico que acontece no mundo, e com isso seu psicológico pode facilmente ser danificado.

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O público adulto tem sofrido bastante com a atualidade pandêmica. As crianças também são vítimas desse caos, embora não sejam o público mais afetado com o vírus. No âmbito do desenvolvimento psicológico podem ser a população mais vulnerável, isso está ligado a diversos fatores, entre eles, as interações familiares, o afastamento da escola e o estresse tóxico.

Os problemas psicológicos são mais evidenciados quando as crianças se tornam pré-adolescentes ou adolescentes, devido às transformações hormonais, psicoemocionais e questionamentos existenciais. No entanto, é durante a infância que os gatilhos são formados, e os traumas implantados.

Elias Hermenegildo, psicólogo e teólogo formado na Universidade Veiga de Almeida (UVA) há mais de 30 anos, relatou, em entrevista, os danos psicológicos que uma criança pode desenvolver durante a sua infância em tempos de pandemia.

“Os pais são a chave fundamental para o desenvolvimento psicológico infantil, se o convívio dentro de casa for ruim, com muitos conflitos, é possível que ela venha a ter danos mentais, Além disso, alimentação e genética também são fatores que estão associados ao desenvolvimento de problemas psicológicos.”

Com a necessidade de manterem-se em casa, os pais tem tido dificuldade em lidar com seus filhos, devido às diversas tarefas que precisam fazer ao mesmo tempo. Como cuidar da casa e da família, trabalhar, e cuidar de si mesmo. Com isso, o nível de estresse, principalmente das mães tem aumentado.

Luiza Souza da Silva, de 41 anos, dona de casa, mãe de dois filhos, sendo o mais velho com treze anos, e a caçula com oito anos, desabafou sobre o quão cansativo tem sido sua rotina desde o início da pandemia.

“Às vezes sinto vontade de sair correndo (risos), amo a minha família, os meus filhos, mas toda essa confusão viral tem me deixado com os nervos à flor da pele, e eu confesso que às vezes acabo descontando neles”.

Os malefícios que essas reações dos pais podem trazer são notados facilmente no comportamento das crianças. Elas acabam desenvolvendo insônia, inconstâncias emocionais, desatenção, vícios em mídias sociais, medos e dificuldade em se adaptar aos novos ofícios.

De acordo com o artigo escrito por estudantes do Bacharelado Interdisciplinar de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Bahia (B.I./Ufba)

“O estresse tóxico infantil ocorre quando a criança passa por situações de alto nível de pressões psicológicas, as quais geralmente são duradouras, sendo uma das principais diferenças entre outros tipos de estresse. Os danos causados por esse fato são os traumas, impaciência e hiperatividade, os quais podem se agravar quando não se tem um ambiente que contribua para melhorar o estado psicológico ou que amenize os impactos desse estresse”.

Giovana Estrelado, estudante e integrante do grupo que realizou a pesquisa com o tema: “Crianças e danos metais causados durante a pandemia” explicou o conceito de estresse tóxico.

“O estresse tóxico pode causar hiperatividade nos circuitos neuronais que controlam as respostas de medo, provocando uma interpretação no cérebro de ameaça, que pode levar a agressão como defesa (Branco e Linhares, 2018). No contexto da pandemia da COVID-19, as crianças e os pais estão lidando com situações altamente estressantes que ameaçam a capacidade de enfrentamento adaptativo”.

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Especialistas orientam que é muito importante nesse tempo ter uma dedicação maior as crianças, buscar compreende-las e estudar suas decisões. De acordo com a teoria bioecológica, a família é o primeiro microssistema, ou seja, onde se constrói as relações próximas, realizadas entre os mentores e as crianças em desenvolvimento.

Durante a entrevista, O psicólogo e teólogo, Elias Hermenegildo relatou sobre as possibilidades de evitar esse tipo de problema, seja em criança ou em adultos, e quais métodos os pais podem utilizar para cuidar dos pequenos.

“Pessoas são únicas, o que pode dar certo para uma, possivelmente não dê para outras, mas podemos evitar alguns complexos causados em crianças através do ambiente saudável, onde haja respeito mútuo, prática de esportes, música, jogos de xadrez, uma alimentação balanceada e organização do ambiente que a criança vive. Se existem conflitos entre os pais, é recomendado que haja resolução do problema, porque além de fazer bem a fase infantil, os pais também terão benefícios. E sobre o uso do celular, as crianças nasceram no século da tecnologia, então, isso sempre estará rodeando elas, os pais precisam exercer controle quanto ao tempo que elas ficam no celular. Ficar muito tempo em frente a uma tela é ruim não só psicologicamente, mas também fisicamente. Tudo em excesso não faz bem, então os pais precisam se atentar a isso.” Concluiu.