Scrum: Métodos Ágeis com o Professor Leonardo Campos
- Ronaldo Anunciação
- 9 de nov. de 2023
- 5 min de leitura
Confira o bate papo exclusivo para o 071 News

Professor Leonardo Campos: na entrevista anterior, versamos sobre o Kanban, uma das ferramentas utilizadas contemporaneamente no âmbito das empresas e projetos que aderem ao movimento das metodologias ágeis. Sobre o Scrum, explica para os nossos leitores o desenvolvimento desta possibilidade de gestão?
O Scrum é uma terminologia do rugby, um esporte/jogo conhecido por colocar os seus jogadores a conduzir uma bola oval com os pés ou com as mãos até a linha de fundo do campo. O objetivo principal deste jogo britânico é fazer um try, isto é, passar a bola através da linha de fundo e encostá-la o chão. É um esporte de muita resistência, treino, habilidades e estratégias dos jogadores, tendo em vista alcançar a vitória. Trazendo para o âmbito dos projetos, negócios e demais tópicos temáticos envolvendo o nosso campo de atuação aqui, a Gestão Ágil de Projetos, no curso de Administração, o Scrum é uma possibilidade de empreendedores para ajudar as suas empresas a tornarem mais ágeis os seus processos, com mais eficiência e produtividade. Equipes reduzidas e multifuncionais, para gerenciamentos de altas performances diante de problemas complexos para resolução. Flexível, o Scrum é uma ferramenta que nos permite, por meio de seus três pilares: transparência, inspeção e adaptação, desenvolver projetos em ciclos curtos, organizando processos numa constante avaliação dos possíveis problemas, gargalos e situações que ao final de jornadas, podem ser irreversíveis.
Durante a sua fala, você trouxe três responsabilidades no âmbito do Scrum: Product Owner, Scrum Master e Time Scrum. Comenta cada uma delas para os nossos leitores?
No Scrum nós temos o Product Owner, a pessoa responsável pelo projeto. Digamos que seja o dono do produto. O Scrum Master é o facilitador dos processos. Ele responde ao Product Owner, figura que se posiciona como “soberano” da jornada. O Scrum Master é a pessoa que tem o compromisso com os valores e as práticas do Scrum, figura que deve ser flexível, boa em comunicação, ter consciência organizacional e praticar ações constantes para manter o melhor fluxo de trabalho para a equipe. O Time Scrum é a equipe de desenvolvedores, respondem ao Scrum Master e ao Product Owner. São indivíduos autoorganizáveis, multifuncionais e escolhem as melhores estratégias para desenvolverem os seus trabalhos. Para que funcione bem, todos devem ser multidisciplinares. Todo o time deve ser mantido unificado ao longo do desenvolvimento do projeto, para que as etapas sejam cumpridas e o produto final seja entregue conforme as bases de seu planejamento.

Com o Time Scrum formado, quais são as etapas, eventos e demais situações que envolvem esta prática no desenvolvimento de um projeto?
Para funcionar bem, é preciso seguir os três pilares: a transparência no processo, pois todos precisam ter acesso a todas as informações, algo que promove conexão. A inspeção, o segundo pilar, permite a identificação do que está em desenvolvimento. O terceiro pilar, a adaptação, é algo que se desenrola ao passo que o projeto começa a avançar. Depois de definidos o Product Owner, o Scrum Master (pode ser mais de um) e o Time de Desenvolvedores, inicia-se a visão geral do projeto. Que produto será realizado e quais as dimensões que se espera dele? Com isso, inicia-se o Product Backlog, que é a lista de funcionalidades e características desejadas do produto ou projeto. As funcionalidades precisam estar em ordem de prioridade. Sempre vai evoluindo e se ajustando. É possível, neste processo, excluir, revisar e adaptar as coisas. Se diferencia dos projetos em cascata do método tradicional, onde o resultado passa por prototipagem, mas só se tem uma visão geral no final e o que era esperado pode estar a milhas de distância do que o cliente deseja, causando transtorno, perda de tempo, recursos, investimentos em geral. O Scrum permite vislumbrar riscos ao longo de todo o processo.

E as demais etapas e eventos?
Logo adiante temos as Sprints. São ciclos do projeto, variáveis, pois podem durar dias, semanas ou meses. Depende do projeto em si. O planejamento de Sprints são situações para definições das funcionalidades. Cada negócio vai ter a sua quantidade específica. Em seguida, temos que pensar sempre na Daily Scrum, reuniões diárias de no máximo 15 minutos, bastante objetivas, com questões norteadoras do tipo: o que fizemos ontem para alcançar as metas? O que será feito hoje para completarmos nosso ciclo? Quais são os impedimentos ou possíveis problemas de condução que precisam de ajustes? Com as três figuras de responsabilidade do Scrum, define-se o que já está pronto para ser entregue. Na Sprint Review, observa-se com o coletivo a evolução do projeto e a percepção se o que está sendo feito era de fato aquilo que foi planejado. Por fim, temos a retrospectiva Sprint, momento que funciona como análise se o desenvolvimento da jornada funcionou ou não, e o que ainda precisa de finalização. O Scrum, de maneira geral, é um caminho adotado por muitas empresas, como a Amazon, por exemplo, e tem se demonstrado um recurso de eficiência para gestões ágeis de projetos. À primeira vista parece complicado, mas se desmistificado, pode ser um grande aliado para pequenas e grandes empresas, bem como adaptado para projetos pessoais.
Professor Leonardo, para finalizarmos o nosso papo rápido, traz uma ilustração possível de utilização do SCRUM em uma atividade concreta de sua jornada?
Um exemplo prático pode ser o projeto de desenvolvimento de podcast para a disciplina Planejamento de Carreiras, ministrada na UNIFTC de forma remota, com os estudantes do curso de Administração. A ideia é criar uma temporada de 10 episódios. Em cada um deles, eu analiso um filme que retrata questões da área e os estudantes, na posição de protagonistas do processo, também interagem. O material, postado aqui no 071 News, é divulgado para fora dos muros da sala de aula e permite que os envolvidos ampliem as suas habilidades técnicas (hardskills), potencializando o perfil profissional ao inserir a participação de um podcast como parte de seu portfólio, legitimado com a entrega de um certificado. Eu, na posição de editor, funciono como o Product Owner. Organiza a lista de filmes: Fome de Poder, Um Senhor Estagiário, O Diabo Veste Prada, dentre outros, narrativas sobre tópicos temáticos em administração, tais como empatia, inteligência emocional, gestão de marketing, branding pessoal, dentre outros. Dois estudantes, assistentes da disciplina, o Renan Coutinho e a Sthella Menezes funcionam com os Scrum Masters. Eles intermediam as dinâmicas e as necessidades do produto já definido no edital do projeto, entregue para todos os envolvidos, neste caso, os demais estudantes da disciplina. Em suas versões de Backlog e Sprints, definem as etapas por prioridades, trabalhando em associação com as minhas orientações, para chegarmos ao produto final que é o podcast, consumido por todos durante a aula, sendo também um recurso avaliativo. No final do semestre, avaliamos a jornada, analisamos se o pretendido inicialmente deu certo, sendo esta uma ilustração adaptada do Scrum. Para que funcione, é preciso que todos sejam práticos, dinâmicos, cumpram os prazos e entreguem produtos de qualidade.
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